sexta-feira, 11 de março de 2011

Prefiro os trocados

Queria falar de uns trocados que entreguei ontem a um jovem que tocou "chan chan" no vagão do trem que me trazia para casa às 20 horas, apesar dos avisos de que não devemos dar dinheiro nesses luares, ou coisas assim eu fiz questão sim, obviamente não fui a única, mas éramos poucos. Pra falar a verdade o que me incentivou a escrever aqui não foi só o fato de ter gostado do cara e da escolha dele em tocar uma música que aprecio, mas sim que ao final da canção, a qual ele se esforçou para fazer de um jeito autêntico, pediu palmas e, se percebi bem, não tinha mais de quatro pessoas aplaudindo, então ele decidiu tocar algo nacional, pois bem, o fez muito bem, e dessa vez ao finalizar não pediu palmas, apenas agradeceu, disse que fazia aquilo por paixão e que gostava de dar um pouco da alegria que a arte traz para as pessoas, depois concluiu dizendo "um pouco de arte não faz mal a ninguém". De fato, mas creio que a maioria das pessoas não o aplaudiu por vergonha, ou por pensar que ele não passava de um vagabundo que não quer trabalhar duro...
Bem, quando percebi que apenas três pessoas além de mim aplaudiam o cara, pensei que coisa idiota, um povo que bate palmas, e dá ibope a programas criados para nos tornar cada vez mais estúpidos, é incapaz de aplaudir um músico anônimo que ganha a vida tocando em locais públicos. Quem sabe se fosse uma "personagem" de um desses reality shows que tão assistidos seria diferente. Talvez, por um momento, eu tenha pensado que a maioria das pessoas se envergonha em demonstrar um pouco de admiração, por alguém que não segue os padrões, que leva a vida de uma forma diferente, mas essa mesma maioria se orgulha de saber o que acontece diariamente em um programa que só mostra o quão as pessoas podem ser estúpidas e fazer coisas ridículas, como se vestir de galinha e ficar "chocando" quando uma sirene toca, tudo por dinheiro.
Tais pessoas ficam chocadas em dar algumas moedas, e balançam a cabeça de forma negativa reprovando qualquer um que dê alguns trocados, a um desconhecido, que toca um violão em um local público, e chama isso de trabalho.

Pois bem, veja como somos idiota, é impressionante o que as pessoas chegam a fazer por dinheiro, até mesmo cantar em um vagão de trem, e se dizer apaixonado por isso... vai trabalhar vagabundo. Trabalho duro mesmo é ter que andar fantasiado em frente a câmeras, vender a imagem de "jogador", "estrategista", corajoso, se mostrar, se humilhar para ver se ganha "trocados"$$$ (Plim Plim)



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